Aos 44 anos, Luciano Szafir acumula em seu currículo as profissões de modelo, empresário, ator e apresentador. Mas seu foco não é apenas a carreira artística. Pai de Sasha, 14, fruto de seu relacionamento com Xuxa, 50, Szafir se define como um pai coruja: "vejo minha filha todos os dias, nem que seja para dar um beijo de boa noite".
Quando o assunto é mulher, ele diz que se atrai pelas mais experientes. "Sempre gostei de mulheres mais velhas que eu. A Julia realmente foi uma exceção", disse ele, em entrevista exclusiva ao Terra, ao se referir a sua ex-namorada, a atriz norte-americana Julia Rusatsky, 22 anos mais nova que ele.
De origem judaica conservadora, o ator teve que encarar o pai já desde a época das passarelas, quando, aos 20 anos, decidiu mudar para os Estados Unidos e investir na carreira de modelo. "Naquele ano, falei com o meu pai apenas uma vez, porque ele atendeu o telefone sem querer", relembrou o paulistano.
Szafir com a filha, Sasha, e Xuxa Foto: Divulgação
Na dramaturgia, Szafir fez a sua estreia com quase 30 anos, quando interpretou o mecânico Julio, na novela Anjo Mau (1997), da TV Globo. Antes disso, recusou participar da série norte-americana Barrados no Baile e do folhetim Top Model (1989), de Walther Negrão e Antônio Calmon, por achar que não levava jeito como ator.
A primeira grande repercussão no ofício, no entanto, veio com o personagem Zein, da novela O Clone (2001). Nessa época, Szafir já namorava a apresentadora Xuxa, relacionamento que durou, entre idas e vindas, cerca de 16 anos. Ele, que sempre se manteve discreto ao assédio dos paparazzi, afirmou que é possível ter uma noção dos lugares em que os fotógrafos fazem plantão.
"Dá pra frequentar vários lugares que não tem muitos paparazzi. Os atores que me desculpem, mas a gente sabe muito bem onde tem paparazzo", disparou.
Confira abaixo a entrevista completa.
Terra - Você começou a trabalhar bem cedo com o seu pai, no ramo imobiliário. Quantos anos tinha? Por que tomou essa decisão?
Luciano Szafir - Eu tinha 13 anos. Pedi para trabalhar com o meu pai porque queria ganhar meu dinheiro. Desde então, não parei mais.
Terra - Anos mais tarde, você foi para os Estados Unidos trabalhar como modelo. Como a sua família recebeu a notícia?
Szafir - Eu fui para os Estados Unidos meio fugido de casa, porque minha família é extremamente conservadora. Eu tinha 20 ou 21 anos e fiquei um ano morando entre os Estados Unidos e a Europa, trabalhando como modelo. Dei muita sorte, porque o segundo trabalho foi para a Calvin Klein. Coloquei na minha cabeça que ficaria um ano. Naquele ano, falei com o meu pai apenas uma vez, porque ele atendeu o telefone sem querer.
Naquele ano, falei com o meu pai apenas uma vez, porque ele atendeu o telefone sem querer
Luciano Szafir sobre oposição do pai à carreira de modelo
Terra - Por que decidiu ir para lá?
Szafir - Eu já trabalhava desde os 13 anos, tinha cada vez mais responsabilidades, então queria tirar um ano só pra mim. Teria as mulheres mais lindas perto de mim. Mas eu sabia que a carreira de modelo teria fim, sabia que isso era passageiro.
Terra - É verdade que quando estava nos Estados Unidos foi convidado para atuar na série Barrados no Baile?
Szafir - Antes de voltar para o Brasil, fui numa festa e estava a produtora do Barrados no Baile. Ela pegou o meu telefone e depois me ligou, querendo que eu fosse para Los Angeles. Eu disse que não era ator, mas ela falou que não tinha problema, pois eles queriam muito um latino. Na época, não tinha a menor vontade de ir para televisão, de ser ator.
Terra - E como você foi parar na carreira de ator? Seu primeiro papel foi na novela Anjo Mau, de 1997. Como surgiu a oportunidade?
Szafir - Eu estava no escritório do meu pai e o telefone tocou. Era um diretor da Rede Globo me chamando para fazer (a novela) Top Model. Arregalei o olho, mas meu pai não teve a menor dúvida e bateu o telefone. Fiquei um pouco tentado, mas o negócio da minha família estava crescendo e eu realmente não era ator. Depois de muitos anos, eu já nem morava mais em São Paulo, montei a Fóssil (marca de relógios e óculos) e estava no Rio de Janeiro. Nessa época, contratei umas modelos e fui fazer um desfile no programa da Hebe. Estava morrendo de vergonha, lembro que a Marília Gabriela estava ao meu lado no sofá. Como estava muito envergonhando e eles precisavam de um personagem super tímido para viver o mecânico (Julio, na novela Anjo Mau), recebi um telefonema do Carlos Manga, que virou o meu padrinho, me convidando para fazer a novela.
Terra - Você não era ator e já começou em uma novela da Globo. Não ficou com medo de ser alvo de críticas?
Szafir - Eu queria vender franquia (da marca Fóssil), daí pensei que não estaria nem aí em ser criticado. Mas fiquei uma semana direto com o Paulo José e a Bel Kutner, me contando como funcionava a profissão. Depois de uma semana gravando, já estava apaixonado. Aí fui fazendo uma coisa atrás da outra. Depois fiquei uns 4 anos longe da Globo, fazendo teatro. Então, ao invés de fazer a faculdade em si, fiquei fazendo teatro.
Terra - Por que saiu da Globo?
Szafir - Meu contrato na Globo venceu e não houve interesse, daí fui fazer teatro.
Terra - Seu primeiro trabalho como apresentador foi no programa Você Decide, da Globo. Mas, no ano passado, esteve à frente de uma atração com uma proposta diferente, o Extreme Makeover Social. Como foi a experiência?
Szafir - Foi legal... Eles decidiram fazer um formato com vários apresentadores. É um trabalho social, sério, foi gostoso de fazer.
Terra - Como concilia a carreira de empresário com a artística?
Szafir - Hoje tenho pequenas satisfações em algumas coisas. Não toco mais tudo (os negócios). Participo de praticamente tudo, não consigo ficar longe, mas as decisões... Até porque, depois que você começa a fazer teatro, vai dormir muito tarde. Até baixar a adrenalina, são 2h da manhã. Sempre levantei às 6 da manhã, quando comecei a fazer teatro, não dava mais.
Terra - Como empresário, ator, modelo e apresentador, qual é o seu grande objetivo atualmente?
Szafir - Um dos meus maiores objetivos agora é procurar bons textos, peças um pouco mais intimistas e voltar ao teatro. Esse ano eu volto para o teatro.
Terra - Por quais pessoas você sente admiração?
Szafir - Eu iria para os meus precursores, o (Carlos) Manga e o Paulo José, que foram grandes empurrões na minha vida, na minha carreira. A Glória Pires, que fez par romântico comigo (em Anjo Mau), também... Ela foi super doce comigo, é uma mulher maravilhosa.
Terra - Com quem gostaria de contracenar?
Szafir - Com uma pessoa que eu tive oportunidade e, ao mesmo tempo, não tive. O Paulo Autran me ligou para fazer uma peça de teatro com ele, mas eu não pude. Ele era amigo dos meus pais, volta e meia estava em casa, e receber esse telefonema foi uma das maiores honras para mim. (Paulo Autran morreu em outubro de 2007)
Terra - Qual personagem foi o mais difícil de compor?
Szafir - Um dos mais difíceis para mim foi o Kowalski (Stanley Kowalski, da obra A Streetcar Named Desire, de Tennessee Williams). Depois do Marlon Brando, não tem pra mais ninguém (o norte-americano interpretou Kowalski em 1948), então acabamos não montando mais a peça.
Terra - E com qual papel você sentiu a maior repercussão do público?
Szafir - Na época, um dos papeis que se tornou mais falado foi o Zein, de O Clone. Na Argentina e na Costa Rica, eu não consegui ir ao shopping. Em Nova York, a polícia veio me parar. Perguntei o que tinha acontecido e eles me encaminharam até uma sala, só para tirarem fotos comigo (risos).
Terra - Recentemente você namorou a atriz norte-americana Julia Rusatsky, que é 22 anos mais nova que você. Está preferindo mulheres mais jovens?
Szafir - É a única no histórico que me lembro. Eu era extremamente tímido, mas hoje não mais. Então, quando comecei a namorar, foi com uma amiga da minha irmã mais velha, que praticamente me agarrou mesmo. Sempre gostei de mulheres mais velhas que eu. A Julia realmente foi uma exceção, nós namoramos dois anos e pouco. Mas depois a idade acabou fazendo diferença, ela tinha metas na vida dela. Mas não tenho o menor preconceito contra isso.
Terra - Você não se considera mais tímido?
Szafir - Não me considero tímido, mas também não sou extrovertido. Com quem me conhece, sou um palhaço. E no palco também não tenho vergonha de nada.
Terra - Quais características em uma mulher mais te chamam a atenção?
Szafir - Não existe fórmula, você conhece uma pessoa e se encanta. A primeira coisa que a gente sente é atração física, o que os olhos veem. Eu sou muito brincalhão e também gosto muito disso numa mulher. Mas não existe fórmula: tipo físico, loira, morena, negra... Acho que, olhou, bateu.
Terra - Você tem 44 anos e continua em plena forma física. Cuida bastante da aparência, é vaidoso?
Szafir - Minha vaidade está mais ligada à saúde, pois vou fazer 45 anos (em 31 de dezembro). Procuro fazer atividade física, uma ou duas vezes por dia. Faço um pouco de tudo, gosto de pegar onda, fiz jiu-jitsu por 20 anos, não consigo ficar longe dos tatames. Também faço DeRose, que me dá disposição, já que na minha faixa etária comecei a perder um pouco de elasticidade, então isso ajuda muito. Acabo pedalando com a minha irmã também, o Rio de Janeiro é uma cidade linda. Eventualmente, uso um creme, pois pego muito sol. Apesar de saber que é errado, nunca usei protetor solar na vida. Eu também gosto de perfume, mas sem vaidade muito excessiva. Se tenho que sair às 7h, acordo 6h40. E também não guardo roupa que não vou usar.
Os atores que me desculpem, mas a gente sabe muito bem onde tem paparazzo
Luciano Szafir sobre assédio dos fotógrafos
Terra - O seu relacionamento com a Xuxa durou 16 anos, entre idas e vindas. Como conseguiram manter a privacidade?
Szafir - A primeira coisa é que ela não gostava muito de sair. A segunda é que dá para frequentar vários lugares que não tem muitos paparazzi. Os atores que me desculpem, mas a gente sabe muito bem onde tem paparazzo, você pode ir ao cinema tranquilamente, por exemplo. Sem contar que, na época, não tinha tanta internet, celular, hoje é mais complicado.
Terra - Como é o pai Luciano Szafir? Como é sua relação com a Sasha?
Szafir - Não consigo entender como um pai não consegue se dedicar (a um filho), é um amor que não se pode mensurar. Vejo minha filha todos os dias, nem que seja pra dar um beijo de boa noite. Eu sou o maior fã dela, sou todo orgulhoso. A gente faz o tempo que a gente quer e sabe até onde vai o trabalho e até onde vai a vida.
Terra - Gostaria de ter mais filhos?
Szafir - Nunca pensei no assunto, mas provavelmente sim. Depende da situação, se eu encontrar uma pessoa... Filho não é uma aventura e nem deve ser.
Terra - E a relação com a Xuxa, como é hoje em dia?
Szafir - Nós nos vemos praticamente todos os dias, porque vejo a minha filha todos os dias. Nos damos muito bem.
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