Cenas naturalistas, elenco afinado e uma caprichada direção têm chamado a atenção em Amor e intrigas, da Record. A cada tomada, o texto da estreante Gisele Jóras demonstra bom conteúdo e agilidade. Com isso, a atuação de alguns atores é surpreendente. Até hoje, Luciano Szafir tinha sido pouco convincente em seus papéis. Agora começa a dar sinais de amadurecimento na carreira, na pele do ricaço protagonista Felipe.
Apesar de ser um casal meio desengonçado, Felipe e Alice, de Vanessa Gerbeli, convencem como personagens apaixonados e demonstram bastante intimidade ante as câmeras. Quem também está deitando e rolando com sua vilã é Renata Dominguez, com algumas cenas até bem exageradas de sua diabólica Valquíria. Sempre mexendo nos cabelos e fazendo caras e bocas, Renata parece bem confortável em sua alpinista social, montada em um belo figurino e uma competente caracterização que a tem ajudado nas armações da personagem.
Vários acertos da novela devem ser creditados à supervisão de texto do experiente Luiz Carlos Maciel e à direção de Edson Spinello. Ele assinou a malsucedida Bicho do mato na mesma emissora, mas agora parece se preocupar com tudo, desde as expressões dos atores em cena, até a fotografia, que não apresenta inovações, mas permanece correta nesse início da trama. Isso sem falar nas boas locações, que rendem tomadas bem menos previsíveis que as tramas gravadas em estúdio e cidades cenográficas.
Dentre as externas, imagens do Rio e de personagens curvilíneas exibindo seus corpos na areia também são atrativos que combinam com a época de altas temperaturas. As coisas só esfriam com a opaca atuação de Francisca Queiroz. A atriz vive a pérfida Alexandra, a malvada ex-noiva de Felipe, e tem apresentado falas e trejeitos bem aquém do esperado. Parece uma personagem de época mesclada com vilã de tramas mexicanas. Além disso, falta sincronia. Já Gorete Milagres surpreende fora dos sets de humorísticos em sua estréia em novelas. A atriz, que ficou conhecida pelo bordão "ó coitado!", da personagem Filomena, mostra que transita com facilidade pelos dramas de sua Jacira, empregada mau-caráter com cara de quem comeu e não gostou.
Enquanto alguns estréiam em novelas com a autora na trama, outros atores mal tem tido tempo de descansar no casting da Record. Heitor Martinez, por exemplo, praticamente emendou o vilão Jacson, de Vidas opostas, com o dissimulado Petrônio, que faz de tudo para se dar bem em Amor e intrigas. Com dois personagens sucessivos de caráter duvidoso, Heitor prova que está se saindo bem com uma composição bem distinta do papel anterior. Mas para tentar manter a atenção do público e garantir uma satisfatória média de 14 pontos no ibope, a emissora tem dividido a novela de quase 50 minutos em enormes três blocos, com poucos comerciais.
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